A pandemia mudou a vida de todo mundo de cabeça para baixo. A forma de trabalhar, estudar, se divertir e se relacionar foi completamente alterada, afetando a saúde mental de adultos, adolescentes e crianças.
Um estudo do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra revelou que a proporção de crianças e jovens com problemas de saúde mental é 50% maior do que antes da pandemia.
Isso significa que uma em cada seis crianças e jovens sofre, atualmente, de pelo menos uma condição relacionada à depressão, à ansiedade ou outras questões emocionais.
De acordo com a neuropsicóloga Aline Pinto Diniz, do Instituto do Cérebro e Coluna (ICC Guarulhos), a arquitetura cerebral é formada na infância e o que acontece nos primeiros anos de vida vai ser o alicerce para os demais anos, principalmente, sob o ponto de vista de saúde mental.
“Então, se a criança for exposta a um estresse tóxico durante meses, o potencial mental fica prejudicado. Além disso, alguns estudiosos afirmam que o volume do cérebro pode reduzir, causando comprometimento cognitivo na fase adulta, entre outras consequências', explica a especialista.
De que forma a pandemia afetou a saúde mental das crianças
Com as medidas de distanciamento social, as interações sociais diminuíram, prejudicando principalmente as crianças, já que a socialização é uma das habilidades necessárias para o desenvolvimento cognitivo e o amadurecimento psicológico delas.
Outro problema, segundo a neuropsicóloga do ICC Guarulhos, é o uso excessivo de telas, que aumentou ainda mais por conta das aulas online.
Leia mais sobre o esse tema:
Excesso de eletrônicos na infância pode prejudicar o desenvolvimento e a sociabilidade das crianças
A especialista também destaca que a convivência familiar intensa, durante a pandemia, aumentou o número de casos de violência doméstica, abuso de álcool, falta de estrutura emocional, dificuldades financeiras, etc. “Essas situações vão minando, aos poucos, a capacidade mental das crianças. Além disso, pioram o comportamento porque elas tendem a imitar os adultos”.
Como cuidar da saúde mental das crianças
A boa notícia é que, com medidas simples dos pais ou responsáveis, é possível promover a saúde mental das crianças, evitando prejuízos em seu desenvolvimento cognitivo e emocional, mesmo em tempos de pandemia:
1- Moderem o uso de aparelhos eletrônicos
O uso excessivo de telas pode prejudicar a qualidade do sono, alterar o humor, reduzir a capacidade cognitiva e contribuir para o sedentarismo das crianças. “Não é apenas o celular que deve ter o uso controlado, mas tablet, computador, TV, ou seja, qualquer aparelho eletrônico”, destaca Aline.
2- Estabeleçam uma rotina
Mesmo estando a maior parte do tempo dentro de casa, as crianças precisam seguir uma rotina com horários claros e definidos para as atividades. “Essa previsibilidade do que vai acontecer deixa a criança mais segura e possibilita que ela se organize melhor, inclusive, emocionalmente”, acrescenta a neuropsicóloga.
3- Passem momentos juntos e com qualidade
As crianças também devem ter horários livres na agenda para descansar, brincar ou simplesmente relaxar, de preferência com a presença dos pais ou responsáveis. “Porém, muito mais importante do que a duração é a qualidade desse tempo juntos, que podem incluir, por exemplo, leitura, jogos de tabuleiro e muito diálogo”, recomenda Aline. “Além disso, a atenção nesses momentos deve ser voltada realmente para a criança”, completa.
4- Evitem o noticiário
As crianças podem ter uma ideia do que está acontecendo no Brasil e no mundo, mas não têm maturidade suficiente para assimilar notícias relacionadas, por exemplo, ao número de casos ou mortes por Covid-19. “Notícias ruins ou alarmantes tendem a deixar as crianças muito angustiadas ou assustadas. Então, se forem assistir algo juntos na TV, escolham algo leve e divertido”, recomenda a neuropsicóloga do ICC.
5- Promovam uma boa noite de sono
O sono restaurador é fundamental para os pequenos, pois possibilita o desenvolvimento do cérebro e o fortalecimento das memórias de fatos ocorridos no dia. “Os pais ou responsáveis devem deixar os filhos dormirem o tempo necessário, que varia de acordo com cada criança e com a faixa etária”, explica a especialista do ICC.
6- Fiquem atentos aos sinais
De acordo ainda com a especialista do ICC Guarulhos, as crianças frequentemente dão sinais quando a saúde mental delas não vai bem. Os alertas mais comuns são:
- mudanças no comportamento;
- irritabilidade ou agressividade fora do comum;
- fome ou falta de apetite;
- dificuldade ou recusa para interagir;
- insônia e pesadelos recorrentes;
- apatia e falta de prazer ao brincar;
- descontrole do esfíncter.
“Quando algumas dessas características se apresentarem, fugindo do comportamento habitual da criança, é necessário buscar ajuda profissional o mais rápido possível. Quanto mais cedo for a intervenção, menor o comprometimento da saúde mental”, ressalta Aline Diniz.
O Instituto do Cérebro e Coluna conta com uma equipe de profissionais especializados em Neurologia Clínica, Neurocirurgia e Neuropsicologia. Os atendimentos presenciais estão sendo realizados com hora marcada e seguindo todos os protocolos de prevenção da Covid-19.
Para mais informações sobre a saúde mental das crianças, entre em contato com a equipe do ICC Guarulhos.